MONOGRAFIA-TESE, DE FRANCISCO RICARDO DE SOUZA JR, PARA FORMATURA NO CURSO DE HISTÓRIA, PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS.
Francisco Ricardo de Souza Jr.
(Chico Junior)
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8ª PARTE - CONCLUSÃO
Ao
encerrarmos esse trabalho, registrando traços descritivos da história da música
caipira (Raiz) e da música sertaneja (Tronco), paralelamente com a vida e a
obra do compositor goiano Marrequinho, tratamos mais especificamente da música
sertaneja produzida em
Goiás. Notamos que analisando essa expressão artística,
aprendemos muito sobre as pessoas que a praticaram, e também, sobre a sociedade
que absorve essa arte. Portanto, a música também nos mostra um retrato
histórico-sociológico da sociedade, passando assim a possuir um caráter
científico que rompe as barreiras da análise meramente musical e teórica.
O
principal objetivo deste trabalho foi o da compreensão, ou pelo menos da busca
desta, de como no estado de Goiás a produção artística sertaneja saltou as
fases inicias da música caipira já iniciando uma produção que classifico como
música sertaneja (Tronco). Os compositores e os intérpretes goianos entenderam
que, embora devessem respeitar a origem e preservar a autenticidade da música
nascida no sertão, precisavam também atender às exigências de mercado que
buscava “coisas novas” no terreno musical. Sob a influência das músicas
estrangeiras que invadiam o mercado musical brasileiro, nessa época (década de
50 do século XX), os artistas goianos entenderam que precisavam tirar a música
sertaneja da bitola que limitava seu consumo (aceitação pública) e travava sua
caminhada rumo a uma maior camada de apreciadores, que de certa forma se
sentiam incomodados por serem chamados de caipiras.
A
maioria dos compositores goianos passou a respeitar as regras gramaticais em
suas letras, sua temática foi expandida para que ela não ficasse restrita às
coisas do sertão, lugar distante da civilização e tido como atrasado no meio
urbano. Alterou-se a fórmula (letra), mas, conservou-se a essência (linhas
melódicas). Estas alterações representaram, ao mesmo tempo, avanço e retrocesso
no movimento musical sertanejo. Avanço, porque a música foi para mais perto dos
que antes sentiam vergonha de serem considerados caipiras. Retrocesso, porque,
a música caipira que era (e é) considerada uma das mais puras e genuínas
expressões culturais do nosso povo perdeu força e carrega até hoje o seu
estigma. Arte/ Arte e Arte/Comércio. Interesses conflitantes, que definiram
diferentes objetivos. A arte caipira tentando sobreviver com pouquíssimos
recursos, e a música sertaneja completamente ligada às tendências de mercado da
indústria cultural. E isso é percebido claramente, ainda hoje, quando, por
exemplo, a música caipira não está presente em nenhum grande festival, muito
menos nos grandes programas de televisão de veiculação nacional. Ao contrário
do que acontece com a música sertaneja, que é um ótimo produto de investimento
e de público. Entretanto o músico sertanejo ainda não percebeu a importância de
sua arte, e continua vivendo à margem dos movimentos culturais, ligando-se
única e exclusivamente ao mercado. Assim, o artista sertanejo deixa de fazer
arte, para fazer apenas produto.
Também
foi importante entender, neste trabalho, que São Paulo, por possuir condições
técnicas de gravação e de prensagem de discos, ficou sendo considerado o único
responsável pela expansão da música sertaneja e seu aprimoramento
técnico/interpretativo. Mas o que se deve ressaltar é que grande parte da
matéria prima usada na construção desse patrimônio foi fornecido por Goiás,
através de nossos compositores e de intérpretes.
A
prova de que nossa musicalidade foi (e é) fundamental para alicerçamento da
música sertaneja como um expoente sócio/cultural e sócio/econômico em nosso
país vemos na atualidade, onde, senão toda, a maioria dos grandes nomes que
representam o gênero sertanejo e são líderes absolutos na preferência do
público e na vendagem de Cd’s e Dvd’s em nível de Brasil são goianos. Cito
alguns na ordem de surgimento: Chrystian e Ralf, Leandro e Leonardo, Zezé di
Camargo e Luciano, Di Paullo e Paulino, Bruno e Marrone, Guilherme e Santiago,
Jorge e Mateus, João Neto e Frederico, dentre outros.
Enfim,
esperamos que este trabalho seja útil como registro de um trecho de nossa
história, e, que levante novos questionamentos para futuros pesquisadores de
nossa cultura, e assim, cada vez mais, nós possamos nos conhecer e nos
respeitar através de nossas diferenças e principalmente através de nossas
semelhanças.
FIM
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