sexta-feira, 12 de outubro de 2012

MARREQUINHO CANDIDATA-SE A “CHAPA” - CAPÍTULO XXVIII
















MAREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO
Memórias de um artista sertanejo


                                                     Capítulo XXVIII


                                    Marrequinho Candidata-se a ‘Chapa’
                                   (Ajudante de Caminhão)


Bem, na primeira praça de entregas, fui apenas observador do sistema de funcionamento da coisa. Mas, sabendo que o serviço de entregador era remunerado no sistema de comissão sobre o valor da carga, e que toda a despesa decorrente da viagem, com exceção da manutenção do caminhão, corria por conta do entregador, pensei em colaborar com o meu irmão, para que ele economizasse o valor que seria pago aos ajudantes da rota que estávamos fazendo, que seriam umas cinco praças. A diminuição de gasto com “chapas” compensaria a despesa que eu estava acarretando, com comida, cigarros etc. Ele custeava o meu passeio, pois eu estava na pendura. Ele relutou um pouco. Alegou minha inexperiência, minha falta de condição física, e que o serviço era realmente pesado. Tenho estrutura óssea frágil e pequeno volume de massa corporal. Meço 1,65 de altura, e, na época pesava 50 kg. Eu não tinha (e não tenho) um porte atlético, mas, mantinha a melhor forma possível, apesar da "pingaiada", para apresentar um bom visual. O irmão ficou surpreso com a minha disposição de deixar de ser apenas passageiro convidado para um passeio e me tornar seu ajudante, no batente. Acabou concordando com a minha proposta. Talvez para me testar. Na primeira entrega que fizemos numa Panificadora lá em Santa Maria da Vitória (BA), tinha 50 sacos de farinha de trigo.  Quando senti o peso do primeiro volume (50 kg) que ele soltou sobre a minha cabeça, pensei que eu ia entrar pelo chão a dentro, com o saco de farinha e tudo, mas, aguentei o taco e fizemos todas as entregas daquela praça. Ao final do dia, eu estava sentindo dores desde a raiz dos cabelos até as unhas dos dedos dos pés. Mas, não desanimei, não. Na próxima praça repetimos a peleja, e na outra, e, na outra, até não restar nada dentro da carroceria. Podia-se dançar catira no assoalho. Senti-me orgulhoso, por ter provado a mim mesmo que poderia exercer uma profissão que embora fosse humilde e grosseira, era honrosa, digna, e poderia me mostrar resultados mais práticos do que havia conseguido até então, sendo um ‘’famoso’’ compositor. Senti-me realmente feliz. Achei o máximo, ajudar a desatolar o caminhão, no areão da estrada para Correntina (BA). Com uma enxada, desbastávamos os bancos de areia que faziam com que o caminhão atolasse. Achei formidável, fazer comida de maneira improvisada, com um fogão de duas bocas e bujãozinho de gás (2 kg), apetrechos de cozinha no gavetão, fixado na parte inferior da carroceria. A água era levada num ancorote que era pendurado em ganchos aparafusados em uma das travessas da carroceria. Para mim, tudo aquilo era tão original, tão fora da minha rotina de vida, que me fez um bem danado. O Zé Ricardo observava minhas reações, talvez esperando ouvir uma reclamação, de minha parte, ou uma desistência da minha pretensão de ser um ajudante de caminhão. Isso não aconteceu, felizmente. Não desisti e ainda decidi que iria procurar conhecer mais, do assunto, para que um dia eu estivesse em condição de pleitear a oportunidade de me tornar um motorista profissional, de caminhão.   
                  Quando voltamos da viagem, o Zequita insistiu em que eu aceitasse o valor que teria sido gasto com ajudantes, no percurso das entregas. Bem que eu não queria receber aquele pagamento, mas, a precisão era tanta que acabei concordando com ele e aceitando aquela quantia que entreguei integralmente para a minha mãe e minha irmã, que a coisa lá em casa estava feia. Os irmãos ajudavam, periodicamente. Mas, a manutenção de uma família não pode ser feita de forma esporádica, tem que ser de maneira permanente, contínua.

Parece que o meu desempenho no exercício da profissão de “chapa”, não foi muito ruim, não, porque o irmão me convidou para continuar viajando com ele até que eu encontrasse um emprego definitivo. Viajamos juntos durante uns seis meses, eu acho. Fui tendo contato com os macetes do trabalho de entrega, e, de vez em quando, em trechos de estrada onde não havia barreiras policiais, e onde dificilmente alguém do Departamento de Transporte (Da Empresa) poderia ver, o mano deixava que eu dirigisse o baita caminhão, o que me deixava quase louco de alegria. Assim, fui adquirindo, aos poucos, conhecimento e prática, requisitos que me seriam valiosíssimos, no futuro. Aliás, um futuro que estava bem próximo.

                                           LEIA OS CAPÍTULOS ANTERIORES.

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