sexta-feira, 10 de maio de 2013

A FORMATURA - O DIPLOMA - A SURPRESA



                                                   

Capítulo XLIV

A Formatura
O Diploma
A Surpresa



A vida transcorria de forma rotineira, tranquila. E aproveitei aquela fase para colocar em prática alguns planos que eu tinha em mente. Com muito jeito convenci a minha esposa a voltar a estudar, que ela só havia feito até a sexta série do ensino fundamental. Esperava que ela tomasse gosto pelos estudos e, após a primeira etapa prosseguisse até chegar à próxima, e, quem sabe, até a faculdade. Insistia pra que ela fizesse o que eu, não havia feito. Estudar, até se formar nalguma coisa. Ela terminou o ensino fundamental, mas, não quis dar prosseguimento nos estudos. Desejava que ela se preparasse para o futuro, para quando eu, não mais estivesse aqui. Não queria que ela e os nossos filhos passassem o que minha mãe, eu, e meus irmãos passamos. Conversamos sobre vários segmentos profissionais, porém ela alegava que tinha dificuldade em se desenvolver, intelectualmente. Então, disfarçadamente, para não ferir seu ego comecei a fazer sondagens para descobrir qualquer sinal, que me mostrasse nela, algum traço de tendência especifica para alguma área técnica.

Um dia, numa conversa, ela me contou que, quando criança, gostava de costurar roupinhas de boneca na máquina de costura, de mão, que a mãe possuía. Era a "brecha" que eu esperava. Perguntei-lhe se gostaria de fazer um curso de Corte e Costura. Ela não demonstrou muito entusiasmo, no momento, mas, também não descartou a possibilidade de que tal coisa pudesse acontecer. Assim, começamos a obter informações sobre o curso e os locais onde ele era ministrado. E foi ela própria, através de pessoas conhecidas sua que ficou sabendo sobre o SECOM, entidade que tem por propósito o desenvolvimento comunitário, e que funcionava no Setor Santos Dumont. Ideal, porque não ficava longe do Setor onde morávamos, o Jardim Primavera.
Frequência de seis meses, com diploma de especialização. Ela matriculou-se no período noturno, e, após completar o curso, eu e as nossas crianças fomos assistir sua formatura, quando ela, orgulhosamente recebeu o diploma que a qualificava e a considerava apta para exercer a profissão de costureira, em máquinas de costura de categoria industrial. Logo surgiu muita oferta de emprego, mas, ela preferiu trabalhar como faccionista, em casa. O que lhe possibilitaria cuidar pessoalmente das nossas crianças.
Comprei para ela, a primeira máquina. Alguns meses depois, a segunda. Mais alguns meses, e, ela, já com seus próprios recursos, comprou a terceira máquina. Com o salário do meu emprego e a renda do seu trabalho, nossa situação financeira melhorou um bocado. Não estávamos ricos, mas, estávamos bem. Comecei até a pensar em adquirir um carro, usado, para sair da peleja de ter que enfrentar diariamente, os coletivos, e no qual pudéssemos sair de vez em quando, com nossos filhos. Então recebi uma agradável surpresa.
Foi no dia 30 de julho de 2002, quando o Brasil sagrou-se penta campeão mundial de futebol. Alguns parentes e amigos foram á nossa casa, para fazermos juntos, a comemoração. Muita gente, transitando pra lá e pra cá, muitos carros estacionados em cima da calçada, e, até um Chevette amarelo, ano 1977, com aspecto de carro novo foi introduzido na nossa área, que também servia de alpendre e de garagem. Uma bandeira do Brasil estava estendida sobre o capô do imponente carrinho. Depois de engolirmos uns tragos, meu irmão, o Jair, que tinha a mania de fazer discursos, se levantou e disse: "Gente, atenção! Viemos aqui, para comemorar a importante conquista do futebol brasileiro, junto com o Chico, e sua família e trazer pra ele um presente, que foi comprado graças a uma "vaquinha" que fizemos, entre amigos" Então, entregou-me os documentos (O recibo já estava em meu nome, e a assinatura do vendedor, com firma reconhecida) as chaves do Chevette amarelo, enfeitado com a bandeira do Brasil, e, uma lista constando os nomes e o valor, com que cada um deles contribuiu para a aquisição do veículo.
 


Quando me recuperei da surpresa procurei, inutilmente, palavras para agradecer tamanha demonstração de amizade. Aquele gesto me emocionou tanto, que chorei. Chorei de verdade. Mais uma esperança que se concretizou. Mais um sonho que se tornou realidade. Família, bem formada. Casa, não era luxuosa, mas era confortável. Emprego de certa importância e com salário razoável. Carro, usado, mas, de uma conservação extraordinária. Eu não o considerei velho, porque afinal de contas, ele era 37 anos mais novo que eu. O que mais eu poderia desejar? 
Meu “possante”
(Eu o conservo até hoje)

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