MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO
FORMOSO
Memórias de Um Artista Sertanejo
Capítulo XXXV
O Padrasto dos Meus Filhos
Por
isso, para não cometer uma injustiça, preciso voltar a falar sobre a moça de
Itapaci, que rompeu comigo, o compromisso de ser minha esposa e fugiu da minha
vida, mas não fugiu da sublime missão que lhe foi confiada por Deus. Missão que
consiste em amar e proteger aquelas três crianças (nossos filhos) que vieram ao
mundo através dela. Esse compromisso, ela tem cumprido com total determinação,
dedicação e dignidade.
Quando
se separou de mim, ela era jovem, bonita, confiante e cheia de entusiasmo pela
vida, e, após algum tempo da nossa separação, se casou de novo. Assim, ela pôde
contar com o apoio efetivo e afetivo de alguém que desempenhou importante papel
na sua vida e também na vida das nossas crianças. Seu novo marido. O padrasto
dos meus filhos.
Senti
raiva dele? Não. Inveja? Também não. Ciúme dela? Um pouquinho (só no início),
mas logo aceitei a verdade de que no jogo do amor, onde tem um vencedor tem que
haver um perdedor, que nesse caso, fui eu.
Sou
um homem de formação Cristã, e, no meu coração não há lugar para sentimentos
mesquinhos como o ódio, a inveja ou a vingança. Os sentimentos com que alimento
a minha alma são a compreensão, o perdão e o amor. Sei que aquele homem nunca
pretendeu substituir-me, no coração dos meus filhos, pelo contrário, ele foi o
apoio, o companheiro, o amigo o orientador e o suporte para uma família que
estava se desmoronando. Assim, entre ele, eu e a minha família, que hoje é também
a sua família, formou-se um forte vínculo de confiança e de respeito. Sua
presença amiga, sua generosidade e sua humildade, muito contribuíram para que
nossas crianças amenizassem a falta do pai, ausente.
Meus
filhos cresceram, tornaram-se adultos. Hoje, cada um deles tem seu diploma de
faculdade e seguem confiantes, rumo aos horizontes que se descortinam à sua
frente.
Francisco Ricardo de Souza Júnior, meu primogênito, intransigente, rusguento (igual a
mim), e, ao mesmo tempo apaziguador, sensível e chorão (eu também sou assim) é
Professor de História e cantador de viola, meu herdeiro musical. Filho ouça o
que digo, mas, não faça o que fiz.
Pollyanna Aparecida de Souza (minha pequena Polly), amada menina grande, linda,
extrovertida, ciumenta e "entrunfadeira", formou-se em Química (quem
diria).
Henrique Ricardo de Souza (O meu neném), caçula da minha primeira remessa,
ponderado, generoso e ao mesmo tempo autoritário (mas, não arrogante), com
personalidade forte e acentuada capacidade de liderança, formou-se em
Engenharia de Automação Industrial (acho que o nome do curso é isso mesmo).
Ah!
Como eu gostaria de ter podido fazer por eles, quando eram crianças, o que hoje
eles fazem por mim.
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