“MARREQUINHO - O MENINO DE CAMPO FORMOSO”
Memórias de um artista sertanejo
CAPÍTULO XXVII
O Convite
Meu irmão (e primeiro parceiro de cantoria), o Zé
Ricardo, preocupado com a minha situação, me convidou para fazer algumas
viagens com ele, que exercia a profissão de motorista-entregador, em uma grande
Empresa atacadista de secos e molhados e fornecia mercadorias para atacadistas
menores e varejistas de várias partes do Brasil. Aceitei seu convite. O
motorista não tinha ajudante. Viajava sozinho, e, contratava “chapa” nas
localidades onde eram feitas as entregas. Essas cargas consistiam em uma
variedade imensa, de produtos. Ia desde cartelas de laminas de barbear, até
sacos de farinha de trigo, de 50
kg, rolos de arame farpado, querosene, em latas de
dezoito litros, grades de cachaça de marcas diversas (24 garrafas), latarias,
remédios, pacotes de alpiste, de pimenta do reino, condimentos de todos os
tipos, calçados, colchões, ferramentas, enfim tudo o que se fornece ao comércio
de secos e molhados, farmácias, cooperativas de agro pecuárias etc. Atendia-se
firmas de grande porte e também vendinhas de beira de estrada. O Problema, é
que as mercadorias não eram carregadas na ordem em que seriam entregues.
Fazia-se o lastro, no assoalho do caminhão, com as mercadorias mais pesadas. Na
parte da frente da carroceria empilhavam-se as latas de querosene, até a altura
do maial. Então era feita uma “parede” de papelão para evitar que algum
vazamento do produto afetasse outras mercadorias. Em seguida, vinham as grades
de pinga (era um saco, recolher e trazer de volta as grades e o vasilhame).
Então eram empilhadas as caixas de latarias e outros itens. Na rabeira da
carroceria iam os rolos de arame farpado, sacos de sal, ferramentas, calçados
etc. Por cima dessa maçaroca toda, era distribuído o restante do que consistia
a carga. Amarrados de enxadas, de enxadões, de pás, picaretas, discos de grades
para arados, camas de campanha, rolos de tela etc.
Na
maioria das cargas, as mercadorias iam até a altura dos arcos que servem de
suporte para a lona de cobertura. E acontecia, às vezes, que na primeira
entrega da rota programada a gente precisava retirar um desses volumes que
estava bem lá no assoalho da carroceria. Espaço para remanejar volumes daqui
pra ali, não havia. Então, o jeito era ir deslocando caixas e mais caixas,
formando pilhas desordenadas até conseguir ver um pedacinho da embalagem do que
precisava ser arrancado lá do fundo. Ficava-se de quatro pés, debruçava-se
sobre a brecha aberta com sacrifício, e procurava alcançar alguma saliência,
alça ou "orelha" em que pudesse se agarrar, e, puxava-se o volume que
deveria ser entregue. A repetição desse sofrimento ia diminuindo, à medida que
a carga ia baixando. Os volumes a serem entregues, eram apoiados na parte
superior da grade da carroceria e o "auxiliar" se encarregava de
carregá-lo até ao depósito do estabelecimento.
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MENINO DE CAMPO FORMOSO”. Memórias de um
artista sertanejo.
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