Memórias de um artista sertanejo
Migração de Intérpretes Goianos
Década de 60
Capítulo X
Quando os representantes do gênero sertanejo, de São Paulo, estavam
ficando sem recursos para criarem coisas novas e as gravadoras exigindo
sucessos na praça aconteceu o que foi chamado de: Migração de Intérpretes goianos.
É que, para sair dos estilos até então
explorados pelos paulistas (nem todos eram paulistas) se fazia necessário, o
lançamento de duplas e trios com intérpretes que tivessem potencial e
interpretações diferentes. Diferentes e convincentes. A música sertaneja pedia
socorro, apesar de ser muito bem aceita, com vendagem satisfatória, precisava
atingir outras regiões do Brasil, além de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Felizmente, os paulistas tinham a receita, e nós, os goianos, tínhamos o
remédio. Eles tinham a ideia e nós oferecemos os meios dela ser colocada em
prática. Fornecemos o elemento essencial para se fazer a tal inovação que nossa
música requeria (Os diretores de gravadoras e os produtores, também). E, tudo
começou assim:
O
Marinheiro, que havia
se separado do Brasão e do Vantuil, resolveu ir tentar a sorte, lá na capital
paulista. Lá chegando, foi conhecer o
’’ponto’’ onde quase todos os violeiros profissionais de São Paulo, se
encontravam. O tradicional Café Caboclo, no largo do Paissandu, na Avenida São
João, uma esquina abaixo do cruzamento com a Av. Ipiranga. Ali o Marinheiro,
pessoa muito humilde, mas, convicto de que haveria para ele um ‘’lugar ao sol
‘’ na carreira que pretendia seguir, conheceu o Caçula. Violeiro experiente, já
havia feito gravações com outros parceiros, mas, no momento estava
‘’desocupado’’. A conversa foi curta: ’’Vamos cantar, sem compromisso, umas
duas modas? Convidou o Caçula. Cantaram, e ficaram satisfeitos com o resultado
da cantiga. Dupla formada. Experiência do paulista com o potencial
interpretativo do goiano. Foram para o disco, bateu e valeu.
Capa LP
As gravações de Caçula e
Marinheiro tiveram vendagem garantida até o final de suas carreiras, com a
morte do Marinheiro.
Outro cantador, tarimbado, e com muito prestígio no meio artístico, de
São Paulo, o Tibagi, também procurava um parceiro, que tivesse uma boa primeira
voz, e estivesse sem compromisso de dupla. Por intermédio de violeiros goianos,
que foram a São Paulo com o intuito de fazer gravação, ficou sabendo que em
Goiânia, tinha alguém, que poderia preencher os requisitos exigidos por ele.
Era o Miltinho, que
alimentava o desejo de ir tentar um tudo ou nada, na terra da garoa. E, a convite
do Tibagi, seguiu viagem para lá. Ao fazer testes do que a dupla poderia render
descobriram que cantavam de uma forma diferente. O Miltinho tinha facilidade de
fazer falsetes, recurso vocal que ainda era pouco conhecido do público da
música sertaneja. Choveu convites para gravação. Gravaram. E, com eles, começou
uma nova era para a música sertaneja, a música verdadeiramente brasileira (na
minha concepção).
Capa LP
Goiás começou a ser olhado com
admiração e respeito, por todos os que acompanhavam a caminhada de evolução, do
gênero musical que até então fora chamado de caipira. E a coisa não parou por
aí, não. Essa aliança formada pela experiência paulista com a capacidade
interpretativa goiana, surpreendeu e conquistou o Brasil inteiro. E a migração
continuou.
Houve em Anápolis (GO), uma dupla chamada “Duduca e Saulino”. A dupla
foi desfeita. Dada às dificuldades que enfrentavam, parceiros se separavam com
muita facilidade. Duduca marchou para São Paulo buscando novos horizontes. Conheceu o Dalvan.
Gravaram. Sucesso, Sucesso, Sucesso
Capa LP
Chegam a São Paulo (levando na bagagem, categoria interpretativa que
logo conquistou espaço), "Os
Dois Goianos", dupla formada pelos irmãos "Durval e Davi",
de Goianésia-Go. Mostraram para o Brasil, a maneira goiana de interpretar
música sertaneja.
Capa LP
Os chamados de caipira iam abrindo caminho, e os admiradores da
‘’viola’’ aumentando de maneira surpreendente. As décadas de 60 e de 70 foram
décadas de ótimas realizações, tanto para os artistas como para as gravadoras,
que viveram uma próspera era.
Aí foi a vez do Jotinha, (da dupla Jota e Jotinha), de Buriti Alegre (Go). Conheceu o polêmico Léo Canhoto, que na
época, empresava a dupla Vieira e Vieirinha, e estavam fazendo apresentações em
Goiás. Léo, compositor famoso, tinha a pretensão de formar uma dupla, mas,
ainda não havia encontrado o parceiro certo. Queria formar uma dupla que fosse
diferente, interessante, inovadora. Fez proposta ao menino de Buriti Alegre GO.
E, mais uma vez, a visão comercial e artística do paulista, aliada a
versatilidade e segurança da cantiga do Jotinha, levou um paulista e um goiano
para um patamar muito alto, da música brasileira. Surgiu a dupla: Léo
Canhoto e Robertinho.
Capa LP
E, tem mais "goiano", no pedaço. Amarai, de Jataí (Go) foi convidado pelo Belmonte, que havia (em SP) desfeito sua dupla com o Belmiro. E, surgiu uma das duplas sertanejas mais perfeitas que o Brasil já conheceu: "Belmonte e Amarai".
Capa LP
Outro goiano
"sacode" o Brasil, com seu jeito simples e contagiante de cantar o
amor. Fenômeno, na época (e até hoje), em vendagem de discos. O cantor "Amado
Batista"
Capa LP
Fortalecendo essa corrente de genuínos cantadores de Goiás, surge o
Trio "Os Filhos de Goiás" (Maurico, Mauruzinho e Voninho).
Capa LP
Maurico,
Mauruzinho & Voninho
De Itumbiara (GO), "Praião e Prainha" dá a
sua colaboração para o prosseguimento e o avanço da nossa genuína música cabocla.
Capa LP
E, Goiás, fez ainda mais, pela música brasileira. O Bazar Paulistinha,
‘’despachou’’ para a capital paulista, o inimitável e versátil cantor Lindomar,
que, mais tarde acrescentaria o Castilho e se tornaria "Lindomar
Castilho" (O Cantor das Américas), natural de Santa Helena (GO).
Capa LP
Em seguida, foi a vez da Ely Camargo, que
encantou o Brasil com "Canções da minha
Terra".
Capa CD
O Lindomar e a Ely Camargo são ‘’crias’’ do Waldomiro Bariani, o
‘’seu’’ Waldo, como nossa "curriola" o chamava.
Para sacramentar minha afirmativa de que Goiás desempenhou um papel
muito importante na valorização no avanço e na evolução da música de origem
caipira quero citar a dupla formada pelos irmãos (Goianos, claro) "Christian
e Ralf" que dispensa qualquer comentário sobre sua importância no cenário artístico nacional, pela
sua versatilidade e seu invejável potencial interpretativo, o que muito contribuiu
para a continuidade da caminhada evolutiva da música sertaneja.
Capa LP
Deixo aqui uma pergunta: “GOIÁS TEVE OU NÃO TEVE PAPEL DE DESTAQUE NA PERMANÊNCIA, NA
CONTINUIDADE E NA EVOLUÇÃO DA MÚSICA SERTANEJA, NO BRASIL”???????
Contato com Marrequinho:
E-mail: marrequinhocompositor@hotmail.com
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Palcomp3:
Twitter:
com certeza teve sim muita importancia e tem até hoje na musica sertaneja
ResponderExcluirObrigado por concordar comigo, a.vargas/viola e cia. O trabalho que faço aqui é o mesmo que você faz aí. Mostrar ao Brasil a importância dos nossos respectivos intérpretes pioneiros. Fraterno abraço.
ResponderExcluirSou Vice Presidente da Planeta WebRadio
ResponderExcluirQueri amos Fechar parceria, colocando a radio em seu blog
Dando Mais audiência e dando maiores numeros de visitantes em seu blog
TOPA ?
Topo, em princípio. Mas, Parceria implica em responsabilidades e partilhamentos de interesses. Em que exatamente consistiria a nossa parceria? Qual a linha básica de programação da Planeta Web Rádio? Confesso que não sou nenhum Expert nesse negócio de comunicação. Sou apenas um caipira buscando forma de mostrar a importância dos nossos artistas sertanejos que foram pioneiros, em Goiás e no Brasil. Forneça-me informações de como funcionaria a nossa parceria, nesse caso. Estou interessado, sim. Aguardo contato.
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