Marrequinho
– O Menino de Campo Formoso
Memórias
de um artista sertanejo
Capítulo
XLIII
O
Reencontro com o Passado
Por certo espaço de
tempo (um ano, quando muito) mantive conturbado relacionamento amoroso com uma jovem
mulher (nascida em 06/10/64), criatura meiga, sensível, muito bonita, mas, um
tanto imatura, o que ocasionou uma gravidez, que ela não me comunicou, na época
(1.981), por saber que eu pretendia me casar (como realmente me casei), com a
moça de Itapaci. Pelo menos foi essa a minha forma de interpretar o seu silêncio
sobre o assunto ao tentar, posteriormente, entender seu procedimento. Admito
que foi um gesto nobre, mas, ao mesmo tempo inconsequente e irresponsável, por
parte dela. Pois seria eu quem deveria decidir qual posicionamento assumiria,
diante de tão delicada e grave situação, que traria mais tarde, consequências
desagradáveis para muita gente.
Sem
saber da verdade, me casei. A jovem mulher também se casou com um homem sabedor
do drama existente, mas que, em nome do amor que garantia sentir por ela, jurou
aceitar a criança como sua filha, e prometeu que nunca haveria censura ou
recriminação ao passado. No primeiro dia do ano de 1.982, quando a criança
nasceu (uma garotinha), foi registrada como Cinthia Pollyanna, filha legítima do casal, e, a vida prosseguiu.
Acervo
pessoal
Cinthia
aos 10 anos de idade
O casal teve outro filho, e, formaram uma
família unida e feliz, por uns quinze anos, quando o desgaste do relacionamento
de casados começou a se fazer sentir. A chama do tão propalado amor havia se
apagado. Brigas constantes, acaloradas discussões, troca de ofensas, cobranças
de procedimentos passados e coisas tais. Foi inevitável a separação, e
consequentemente, o divórcio.
O
marido, num gesto torpe, desumano, verdadeiramente cruel, talvez para ferir a
dignidade da ex-esposa entrou com uma ação na Justiça, pedindo a anulação de
paternidade da filha, fugindo de um compromisso que ele havia assumido por
livre e espontânea vontade. Exigiu o exame de DNA, que naturalmente, deu
resultado negativo, isso tudo para sustentar sua intenção de deserdar a meiga e
inocente criatura que o idolatrava e se orgulhava de ser sua filha.
Então,
em 1.999, fui procurado pela antiga "namoradinha" (Eliane), e
cientificado do que estou relatando agora. Senti pena, de todos nós. De mim,
por não ter tido chance de dar meu afeto de pai, à minha filha. Da mãe, por ter
permitido, com um ato impensado e procedimento infantil, que tamanha injustiça
tenha sido cometida contra aquela inocente criança. E, tive pena do homem que
se acovardou e se rebaixou tanto, diante de uma malograda união conjugal,
chegando ao ponto de renegar aquela a quem ele aceitou como filha, por
dezesseis anos.
Ao
tomar conhecimento desses acontecimentos fui a um Cartório, em Anápolis (GO),
onde a família morava e mandei lavrar uma Declaração, em forma de Escritura
Pública, onde assumo a paternidade da moça, independentemente de qualquer
resultado de exame de DNA. Mesmo assim, no processo, que tramitou naquela
comarca, a Justiça exigiu o tal exame. O resultado foi: POSITIVO.
Sinto-me
feliz, por ter podido corrigir um erro cometido pela mãe ao esconder de mim, o
fato de estar grávida e, pelo procedimento desumano do desnaturado suposto pai.
Mereci de Deus, a benção de ser pai de mais uma filha que, infelizmente só
conheci quando ela já havia completado dezoito anos de idade, em 2.000. E foi
através dela (Cinthia), que no dia 23 de maio de 2.005 meu coração se encheu de
emoção por ter me tornado avô da pequena Cláudia, uma pequerrucha de angelical
beleza, transbordante de saúde e que significou o início da realização de um
antigo desejo meu: Abraçar alguns netos e netas, antes que a morte me convoque
para a inevitável prestação de contas para com Deus, nosso misericordioso
Criador.
Acervo
pessoal
Cláudia,
aos três anos de idade
Eliane Cinthia Cláudia
(Acervo
Eliane de Matos Ribeiro)
*
Publicação Autorizada.
E
no meu coração tem uma vaga, reservada para a (R...) outra filha minha que não
pude ainda reconhecer oficial e legalmente, por motivos alheios à minha vontade.
Quem sabe, um dia...
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