Capítulo XLIV
A Formatura
O Diploma
A Surpresa
A vida transcorria de forma
rotineira, tranquila. E aproveitei aquela fase para colocar em prática alguns
planos que eu tinha em
mente. Com muito jeito convenci a minha esposa a voltar a
estudar, que ela só havia feito até a sexta série do ensino fundamental.
Esperava que ela tomasse gosto pelos estudos e, após a primeira etapa
prosseguisse até chegar à próxima, e, quem sabe, até a faculdade. Insistia pra
que ela fizesse o que eu, não havia feito. Estudar, até se formar nalguma
coisa. Ela terminou o ensino fundamental, mas, não quis dar prosseguimento nos
estudos. Desejava que ela se preparasse para o futuro, para quando eu, não mais
estivesse aqui. Não queria que ela e os nossos filhos passassem o que minha
mãe, eu, e meus irmãos passamos. Conversamos sobre vários segmentos
profissionais, porém ela alegava que tinha dificuldade em se desenvolver,
intelectualmente. Então, disfarçadamente, para não ferir seu ego comecei a
fazer sondagens para descobrir qualquer sinal, que me mostrasse nela, algum
traço de tendência especifica para alguma área técnica.
Um dia, numa conversa, ela me
contou que, quando criança, gostava de costurar roupinhas de boneca na máquina
de costura, de mão, que a mãe possuía. Era a "brecha" que eu
esperava. Perguntei-lhe se gostaria de fazer um curso de Corte e Costura. Ela
não demonstrou muito entusiasmo, no momento, mas, também não descartou a
possibilidade de que tal coisa pudesse acontecer. Assim, começamos a obter
informações sobre o curso e os locais onde ele era ministrado. E foi ela
própria, através de pessoas conhecidas sua que ficou sabendo sobre o SECOM,
entidade que tem por propósito o desenvolvimento comunitário, e que funcionava no
Setor Santos Dumont. Ideal, porque não ficava longe do Setor onde morávamos, o
Jardim Primavera.
Frequência de seis meses, com
diploma de especialização. Ela matriculou-se no período noturno, e, após
completar o curso, eu e as nossas crianças fomos assistir sua formatura, quando
ela, orgulhosamente recebeu o diploma que a qualificava e a considerava apta
para exercer a profissão de costureira, em máquinas de costura de categoria
industrial. Logo surgiu muita oferta de emprego, mas, ela preferiu trabalhar
como faccionista, em casa. O
que lhe possibilitaria cuidar pessoalmente das nossas crianças.
Comprei para ela, a primeira
máquina. Alguns meses depois, a segunda. Mais alguns meses, e, ela, já com seus
próprios recursos, comprou a terceira máquina. Com o salário do meu emprego e a
renda do seu trabalho, nossa situação financeira melhorou um bocado. Não
estávamos ricos, mas, estávamos bem. Comecei até a pensar em adquirir um carro,
usado, para sair da peleja de ter que enfrentar diariamente, os coletivos, e no
qual pudéssemos sair de vez em quando, com nossos filhos. Então recebi uma
agradável surpresa.
Foi no dia 30 de julho de 2002,
quando o Brasil sagrou-se penta campeão mundial de futebol. Alguns parentes e
amigos foram á nossa casa, para fazermos juntos, a comemoração. Muita gente,
transitando pra lá e pra cá, muitos carros estacionados em cima da calçada, e,
até um Chevette amarelo, ano 1977, com aspecto de carro novo foi introduzido na
nossa área, que também servia de alpendre e de garagem. Uma bandeira do Brasil
estava estendida sobre o capô do imponente carrinho. Depois de engolirmos uns
tragos, meu irmão, o Jair, que tinha a mania de fazer discursos, se levantou e
disse: "Gente, atenção! Viemos aqui, para comemorar a importante conquista
do futebol brasileiro, junto com o Chico, e sua família e trazer pra ele um
presente, que foi comprado graças a uma "vaquinha" que fizemos, entre
amigos" Então, entregou-me os documentos (O recibo já estava em meu nome,
e a assinatura do vendedor, com firma reconhecida) as chaves do Chevette
amarelo, enfeitado com a bandeira do Brasil, e, uma lista constando os nomes e
o valor, com que cada um deles contribuiu para a aquisição do veículo.
Quando me recuperei da surpresa procurei,
inutilmente, palavras para agradecer tamanha demonstração de amizade. Aquele
gesto me emocionou tanto, que chorei. Chorei de verdade. Mais uma esperança que
se concretizou. Mais um sonho que se tornou realidade. Família, bem formada.
Casa, não era luxuosa, mas era confortável. Emprego de certa importância e com
salário razoável. Carro, usado, mas, de uma conservação extraordinária. Eu não
o considerei velho, porque afinal de contas, ele era 37 anos mais novo que eu. O que mais
eu poderia desejar?
Meu “possante”
(Eu o conservo até hoje)
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