domingo, 17 de março de 2013

A CONSTRUÇÃO – CAPÍTULO XXXIX





MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO
Memórias de um artista sertanejo





                                         Capítulo XXXIX
                           A Construção

De forma muito imperfeita, eu havia desenhado num papel, o que seria a planta da casa que pretendíamos construir, um dia. Quatro cômodos. Sala, cozinha e dois quartos, mais o banheiro, interno.  E, por coincidência (será?), a pessoa que vendeu o lote para nós havia construído os alicerces de uma edificação que seria exatamente igual, nos mínimos detalhes, ao meu desenho. Na disposição dos cômodos, nas dimensões e na distribuição dos mesmos. Acho que há uma explicação lógica para isso. Quando o recurso é escasso, quem vai erigir uma moradia, adota um modelo de casa que barateie os custos. São as chamadas casas populares, casas de duas águas, modelos econômicos etc. De qualquer forma, os alicerces já existentes, foram devidamente aproveitados. Pedreiro era contratado por dia. O servente era eu, naturalmente. 
E, mais uma vez a presença de Deus foi constante, em nossa labuta. Surgiu ajuda de onde menos esperávamos. Parentes, amigos, conhecidos e até mesmo pessoas que mal conhecíamos se propuseram a socorrer uma esperançosa família que se desdobrava em sacrifícios na tentativa de ter um cantinho onde morar. De tijolo em tijolo, as paredes foram sendo levantadas. Foram feitos mutirões, que nem mesmo nós sabíamos que iriam acontecer. Algumas vezes chegava materiais para a etapa que estava em andamento e, o entregador ''não se lembrava'' do nome de quem os havia comprado e mandado entregar naquele endereço. Mas, Deus sabe, e eu também sei de onde veio cada tijolo, cada vitrô, cada porta, cada vigota cada telha e, tantos outros itens que são necessários na construção de uma casa, por mais modesta que seja. Estou relatando esses detalhes, para que, se por ventura alguém venha a ler o registro dessas minhas lembranças possa entender, e, talvez sentir o quanto é sublime ACREDITAR, o quanto é importante SABER ESPERAR e o quanto é nobre SABER AGRADECER, em nome de Deus, aqueles que nos fizeram o bem. Finalmente, depois de algum tempo a casa ficou respaldada. Pronta para receber cobertura. 
Num dia de domingo, a patroa os filhotes e eu fomos fazer uma visita á obra, e, aproveitamos para fazer um “piquenique”, no local.
Fiquei emocionadíssimo, ao ver um dos quadros de vida real que ficará gravado em minha mente, para sempre. Minha esposa, muito empolgada, ''construiu'' um fogão improvisado com alguns tijolos que os pimpolhos traziam desajeitadamente (ainda eram muito pequenos) enquanto eu catava pelo quintal, alguns galhos secos, lascas de tábua, sobras de paus roliços que haviam sido usados na estrutura dos andaimes, que serviram como lenha para o fogo que foi aceso com facilidade, pela experiente dona de casa. Ao vê-la tão concentrada naquele labor, com as mãos e o rosto ostentando manchas de carvão, mas, com os olhos brilhando de contentamento descobri que, sem me aperceber havia me apaixonado por ela. Sua dedicação a mim e aos nossos pequenos, sua humildade, sua resignação para com as inúmeras dificuldades que enfrentamos juntos, sua fidelidade e sua determinação me fizeram acreditar que Deus, em sua infinita misericórdia, estava me oferecendo compensação, através dela, por todas as decepções, todas as traições e ingratidões que eu havia sofrido no decorrer da minha vida passada. Senti, naquele momento, que a amava, de verdade e. que possuíamos os ingredientes que compõem a fórmula que possibilita a existência da sublimidade existente no amor: companheirismo, respeito, admiração, afinidade de ideais, e, claro, atração, um pelo outro, total satisfação no relacionamento físico, bom desempenho na prática de atos íntimos, e a completa realização obtida com a sintonia de tudo isso. Voltei a sentir que o mais lindo dos sonhos do menino de Campo Formoso estava se realizando, mais uma vez. Deus havia novamente me concedido o direito de possuir uma família, uma casa, um lar.
De tardinha voltamos para nossa residência temporária, abrimos o ''bar'' e continuamos a faina de arranjar mais alguns trocados para serem aplicados no nosso empreendimento imobiliário. Estávamos radiantes. Confiantes, de verdade. Decidimos que assim que conseguíssemos o recurso que possibilitasse a cobertura do nosso imóvel, nos mudaríamos para lá. Água seria retirada da cisterna, no sistema de balde amarrado na corda. Provisóriamente, luz seria fornecida por velas. Não considerávamos isso um problema, nem dificuldade. Era apenas um detalhe que seria resolvido na hora certa. Tudo o que acontece, tem sua hora de acontecer. Só precisávamos ter paciência e esperar mais um pouco. E esperamos, não por muito tempo, felizmente.
A patroa havia deixado o emprego de doméstica, para cuidar das crianças, enquanto eu marcava presença, na "obra", diariamente, cuidando de pequenos retoques no que já estava construído e, fazendo marcações e identificando os lugares em seriam acrescentadas futuras benfeitorias, tais como: local para a fossa (que no setor não havia sistema de esgotos), localização do padrão, para a instalação de energia, da torre, para a sustentação da caixa d'agua etc. Estávamos um pouco preocupados, com tempo. O período chuvoso estava se aproximando. Com a casa ainda sem cobertura, existia o risco de se perder algum pedaço do que já estava feito. Deus, não permitiu que isso acontecesse. Um meu sobrinho, o Roberto Ricardo de Souza, servindo de instrumento, para que Deus exercesse Sua bondade, nos mandou, de presente, o valor necessário para a compra das telhas que cobririam nossa casa. E o fez de uma maneira nobre, despretensiosa, discreta, para não humilhar aqueles a quem ele estava beneficiando. O pai dele (meu irmão Zequita) foi o portador da substancial importância com a qual chegamos ao ponto de poder dizer, de forma triunfante: A primeira etapa da construção está concluída. O Jair propôs comemoração, lá no boteco, claro. Comemoração que foi feita em duas etapas. Na primeira fizemos preces de agradecimentos à Deus, pela conquista alcançada, e, emissão de pensamentos positivos, direcionando bons fluidos para todos os que, direta ou indiretamente colaboraram para que o nosso sonho estivesse se realizando. Na segunda etapa da comemoração, para usar um lugar comum, cachaça correu a rodo, até altas horas da noite.
Acredito que Deus tenha entendido a nossa euforia.

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