domingo, 24 de março de 2013

A CASA INACABADA
















Marrequinho – O Menino de Campo Formoso
Memórias de um artista sertanejo.

                                            Capítulo XL
                                      A Casa Inacabada

O que fizemos foi uma temeridade, mas tinha que ser feito. Encerramos as atividades no barzinho, vendemos mesas, freezer e vasilhame, devolvemos a forma original ao barraco onde morávamos, encaixotamos nossos poucos pertences, e entregando nossos destinos nas mãos de Deus, no dia 17 de novembro de 1.995, nos mudamos para o nosso "palácio", nossa casa inacabada, no Jardim Primavera.
Resolvemos o problema de onde morar. Mas persistia o dilema, íamos viver de que? Novamente a coragem, a garra, a determinação e a persistência de minha esposa, a companheira que me ajudou a enfrentar tantos percalços foram fatores decisivos na continuidade da nossa saga. Ela voltou a trabalhar de empregada doméstica. De segunda a sexta-feira, cinco horas da manhã, se levantava para enfrentar três ônibus superlotados para chegar ao emprego às sete horas, lá permanecendo até às dezessete horas, quando empreendia o regresso ao lar, aonde só chegava lá pelas dezenove horas. Resignadamente, encarou essa labuta, por quase três anos.
O trabalho honesto, por mais simples que seja nunca humilha, ao contrário, dignifica aquele que o pratica. Da minha parte, pressionado pelas circunstancias, agi contra os meus princípios, adquirindo uma meia dúzia de taipes, nos quais fazia reprodução das gravações de músicas minhas, em fitas cassete. Eram músicas que fazia muito tempo que estavam fora do catálogo de vendas das gravadoras que as haviam lançado. Muitas dessas gravadoras, já nem existiam mais. Então eu repassava essas fitas para vendedores ambulantes, os chamados "pasteiros". Não era legal, nem ético, mas eu me apoiei no conceito de que os fins justificam os meios. Quanto aos intérpretes dessas músicas, acho que até os beneficiei mantendo seus nomes em evidência, evitando que caíssem de vez no esquecimento do público.
Seria minha visão, destorcida, da realidade dos fatos? Talvez. Mas foi a única maneira que encontrei de produzir recursos para o sustento da minha gente. Vivemos um período de pobreza, não de penúria. Éramos uma família, tínhamos uma casa (inacabada), tínhamos um lar, onde imperava a harmonia, onde reinava a paz. Éramos felizes. Nunca permitimos que o desânimo, a desesperança ou o pessimismo tomassem conta de nossas mentes. Pelo contrário, mantivemos sempre pensamentos elevados, de fé e de confiança, de que Deus, em sua infinita bondade, haveria de nos direcionar e nos dar forças e perseverança, para mantermos fé inabalável de que Ele nos mostraria a maneira de vivermos dias melhores.
Recebíamos visitas constantes, dos antigos companheiros do meu tempo de "artista". Punham-me a par do que estava acontecendo no meio artístico, falávamos sobre os rumos que a música sertaneja havia tomado, e do quanto era diferente, no "nosso tempo". Só para se ter uma ideia, lá pelo ano de 1.958, quando gravei meu primeiro disco (78 rpm) com o Marreco, nossa vendagem atingiu um número bem satisfatório para a gravadora: Quatro Mil e Quatrocentas e Oitenta Cópias. Vendagem tão boa, que fomos contratados para gravar mais dois discos.
Agora, campeões de venda de discos (CDs) gravados falam em Três Milhões de cópias vendidas.
É! O mundo gira, o tempo passa, as coisas mudam, e a vida continua, até que um dia passa também. Mas, tudo nessa vida, tem a sua hora certa para acontecer.
Assim, depois de morarmos por três anos na nossa casa inacabada, em verdadeira calmaria, o vento finalmente começou a soprar a nosso favor. Era a bonança chegando, após um prolongado mormaço.  

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