Capítulo
XXXI
RETROSPECTIVA
A MÚSICA CAIPIRA, NAS SUAS ORIGENS.
Era cantada, despretensiosamente,
sem qualquer intenção de demonstrar qualidade interpretativa, por gente
simples, quase sempre desprovida de um maior conhecimento sobre o assunto,
sendo seu intuito apenas fazer um desabafo d'alma. Excepcionalmente, era
cantada até por duplas improvisadas, geralmente modas de viola, quando um dos
"parceiros" sabia a letra e a música da moda, e, o outro, não. Mesmo
assim, ajudava na cantoria. Nessas ocasiões, as pessoas presentes, que formavam
a platéia, se sentiam empolgadas, e, querendo prestigiar os
"artistas" locais, improvisados, participavam da exibição
acompanhando, o ritmo da viola, batendo nas palmas das mãos e marcando o
compasso, com os pés, no chão. Acredito que essa manifestação espontânea tenha
sido o início do que hoje conhecemos como a dança do catira.
Mas, as raízes, de onde se originaram os
costumes desse procedimento é assunto para os historiadores e pesquisadores,
que eu estou apenas fazendo comentários sobre impressões pessoais, armazenadas
nas minhas lembranças.
A MÚSICA CAIPIRA CHEGA AO RÁDIO E AO DISCO
Algumas duplas (geralmente formada por
irmãos), deixando suas paragens, transferiram-se pra cidade, chegaram ao rádio
e posteriormente ao disco, conservando o seu estilo autenticamente caipira, com
seu linguajar típico e suas músicas tão simples quanto o próprio sertão, fonte
da inspiração de onde elas foram tiradas. Até hoje temos expoentes desse
segmento musical que detém uma respeitável parcela de público que demonstra
respeito e conserva dentro de si a sensibilidade e a preferência musical
trazidas das suas origens.
Infelizmente, infiltraram-se entre os
autênticos cantadores da música caipira, elementos que não pertenciam ao seu
círculo, a levaram para o terreno do humor, e, sem se dar conta do que estavam
fazendo, deturparam a pureza existente, até então, na sublime brasilidade
contida na musicalidade do cancioneiro vindo lá do sertão. Eram imitadores,
que, não tendo nada de seu, com que pudessem contribuir com a expansão da nossa
música acabaram provocando um retrocesso na mesma. Imitavam, de forma grotesca,
o cantador caipira que trazia na alma, a alma do próprio Brasil. Contribuíram
com que o termo, caipira, fosse usado frequentemente, no sentido pejorativo.
Felizmente foram poucos, os "artistas" que usaram esse artifício para
se promoverem, tentando criar prestígio a custa dos outros, copiando uma imagem
e plagiando uma autenticidade que eles realmente não tinham. Eram falsos
caipiras. Prova disso é que desapareceram, sem deixar rastros na lembrança do
público. Esses pretensos "artistas" davam a entender que o personagem
Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, era tipo padrão, do caipira brasileiro.
Insensatez, deles e, do Lobato, também.
A MÚSICA SERTANEJA e/ou A MÚSICA CABOCLA
A partir de 1.955, nos meios artístico,
radiofônico e fonográfico, para evitarem a estigmatizada denominação, música caipira, o termo caipira foi
sendo substituído por alguns dos seus inúmeros sinônimos. Sertanejo e Caboclo
pareciam ser os mais apropriados para compor uma nova denominação para a música
caipira. Na verdade, significavam a mesma coisa, mas, soavam melhor, pareciam
ser mais abrangentes. Acabou prevalecendo a expressão: Música Sertaneja. Que nessa época começava a ser
"trabalhada", aperfeiçoada e formatada para fins comerciais, mas,
ainda sem ter se afastado muito, das suas raízes. A música caipira é a raiz, de
onde surgiu a Música
SertanejaTronco. Desse
tronco surgiram os galhos representados pelos diversos segmentos existentes
hoje. Todos esses segmentos ou estilos, sem exceção, são vinculados á música
caipira. Só que, os representantes de cada um desses segmentos têm
características e estilos próprios, e, identificam seu espaço pela roupagem,
pela temática, pelas linhas melódicas e pelo grau de competência interpretativa
assim como pelo visual de cada um de seus intérpretes.
Dois Extremos
Alguns dos que ingressaram no
meio artístico, a partir da chamada explosão da Música Sertaneja (1.980)
acharam a casa feita. Mas resolveram modificar a estrutura e alterar a fachada
e a denominação de um patrimônio que, na realidade não havia sido construído por
eles. E, a nossa tradicionalíssima música sertaneja passou a ostentar os
apelidos de:
Música Sertaneja Raiz
Música Sertaneja Urbana
Som Rural
Música Urbaneja
Música Sertaneja Universitária (?)
Música Sertaneja Popular Brasileira
Atualmente é chamada de Música Sertaneja Moderna
A partir da década
de 40 (Século XX)
Alguns dos pioneiros na formação da música sertaneja Tronco:
RAUL TORRES E FLORÊNCIO
SERRINHA E CABOCLINHO
TONICO E TINOCO
VIEIRA E VIEIRINHA
SULINO E MARRUEIRO
A partir da década de 70
(Século XX)
Alguns pioneiros na formação do segmento
que hoje conhecemos como “Música Sertaneja Moderna”:
Zezé Di Camargo & Luciano
Leandro & Leonardo
Chitãozinho & Xororó
Bruno & Marrone
Chico Rey & Paraná
Di Paullo & Paulino e, muitos outros.
Esses atingiram o mais alto patamar da
preferência do público brasileiro e o mais alto índice de vendagem de discos no
transcorrer das últimas décadas do século XX e na primeira década do
século XXI.
Árvore
Genealógica da Música Sertaneja
(Marrequinho)
O que determinará a preferência
musical das pessoas?
Acredito que são vários fatores:
A origem do indivíduo, a influência do meio em que vive. de seu grau de
sensibilidade, de intelectualidade, do seu perfil psicológico e da formação emocional
de cada um.
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