MARREQUINHO – O MENINO DE CMPO FORMOSO. Memórias de um artista
sertanejo
Capítulo XXIII
Intérpretes Goianos e Programas de Rádio
A quantidade de artistas sertanejos, em
Goiás, era muito grande. Mas, os que acreditaram cem por cento na possibilidade
de se tornarem autossuficientes graças à viola, com exceção dos que “cascaram”
para São Paulo foram poucos, muito poucos. Prova disso, é que uma pequena
parcela de duplas e trios teve condição de manter um programa seu, no rádio. A
maioria aproveitava “chances” oferecidas por algumas emissoras, quase em forma
de favor, aos que na realidade eram os responsáveis pela audiência dos
programas que não tinham participantes fixos. Mas, alguns mantiveram seus
próprios programas. Entre esses, estavam:
Zé Micuim, Goiá e Goiazinho (Trio da
Amizade) (R.B.C.)
Pássaro Preto. Melrinho e Zino Prado
(R.B.C.) Não gravaram disco.
Melrinho, Belguinha & Zino Prado
Irmãos Ferreira - Reizão, Rezendinho e
Reizinho (Difusora)
Brazão, Brazãozinho e Loló (Difusora)
Trio da Vitória (Venâncio, Venancinho e
Cambuí) (Anhanguera)
Trio Enamorado (Colibri, Ninão e Nhozinho)
(Clube)
Marreco e Marrequinho (Clube)
Adolfinho e Chitãozinho (Difusora)
Sapezinho e Ditinho (Clube) (Não
gravaram disco)
Acervo Amadeu
Emídio de Paula (Belguinha)
Sapezinho e
Ditinho
Acervo
Amadeu Emídio de Paula (Belguinha)
Reizão,
Rezendinho e Reizinho
(Não gravaram
disco)
Marreco e Marrequinho (1958)
Acervo Amadeu Emídio de Paula (Belguinha)
Pássaro
Preto, Melrinho e Zino Prado
A formação da dupla Melrinho e Belguinha
(eram irmãos) aconteceu pelo seguinte motivo: O Pássaro Preto (Chamava-se
Antonio), cantador de segunda voz, era lá das bandas de Paraúna GO. Tinha vindo
para Goiânia tentar a carreira artística. Casado, tinha esposa e filhos. Só que,
em Goiânia, se apaixonou por outra mulher, também casada, por quem nutria uma
desenfreada paixão. Jamais escondeu esse fato, ao contrário, em quase todos os
programas que ele fazia, mandava modas para a namorada e afirmava sua intenção
de viver com ela quando a situação permitisse. Sua paixão era correspondida com
a mesma intensidade. Mas, a mulher não se decidia a abandonar o marido. E, o
pobre artista, ou talvez seja melhor dizer, o artista pobre, sentiu-se dominado
pelo inconformismo e pelo ciúme. Num tresloucado gesto de revolta e desespero,
quis demonstrar para a amada, a grandeza do seu amor. Se não pudesse viver com
ela, morreria por ela. E provou isso de maneira surpreendente e
sensacionalista.
Certo dia, com o programa no ar (Rádio
Brasil Central), após desabafar um pouco sobre o procedimento da indecisa
criatura, ofereceu a ela uma moda de despedida e, em seguida, num intervalo em
que o Vicente Iglesias, apresentador do programa, lia os textos comerciais, o
Pássaro Preto largou a viola encostada na parede do Studio e, para surpresa do
parceiro Melrinho, do apresentador, de muitos fãs que assistiam ao programa no
auditório, e, de milhares de pessoas que estavam ouvindo o programa pelo rádio,
tirou do bolso uma garrucha calibre 380 (rabo de égua), escanhotou uma das orelhas
da "bicha" desfechou um tiro no próprio ouvido, e, caiu. Os
espectadores, no auditório, aplaudiram pensando que se tratava de uma
encenação. Mas, os parceiros e o apresentador entenderam a extensão do
tresloucado gesto do apaixonado violeiro de Paraúna. E, tentaram socorrê-lo,
mas, o danado do homem surpreendeu mais ainda, quando, mesmo ferido, se levantou
cambaleante e pegou a tal garrucha que alguém havia colocado em cima de um
piano que ficava num canto do Studio e desfechou outro tiro, esse, no próprio
peito. Incrivelmente, não morreu. Foi hospitalizado, tratado convenientemente,
e, sobreviveu aos tiros. Acabou se recuperando da tentativa de suicídio, mas,
não da paixão, pela tal mulher. Algum tempo depois fugiram juntos, viveram uns
tempos e depois se separaram. Eu o vi, anos depois, mas, não toquei no assunto.
Ele poderia não gostar, né? Também, pudera.
Esse fato aconteceu quando a R.B.C. funcionava
na Avenida Anhanguera, próximo à baixada do Botafogo (hoje, Vila Nova,), no ano
de 1955. Foi então, que o Jerônimo Emídio de Paula convidou seu irmão Amadeu Emídio
de Paula formaram a dupla Melrinho &
Belguinha e mantiveram o acordeonista Zino
Prado.
Acervo Amadeu
Emídio de Paula (Belguinha)
Melrinho,
Belguinha e Zino Prado
Leiam os
Capítulos anteriores do livro MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO. Memórias
de um artista sertanejo.
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