segunda-feira, 14 de maio de 2012

UBIRAJARA MOREIRA / RONALDO ADRIANO











MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO

MEMÓRIAS DE UM ARTISTA SERTANEJO

                          Capítulos XIII / XIV
                                                                             
  Meus Parceiros de Composições
  UBIRAJARA MOREIRA / RONALDO ADRIANO

No início da década de 60 eu já havia conseguido algum prestígio, aqui em Goiás, como "fazedor" de modas, por ter gravado nos meus discos, algumas composições minhas. Como intérprete, diziam que eu era bom. Como compositor apenas razoável. Goiás sempre foi mais farturento em intérpretes do que em compositores, principalmente no gênero sertanejo. E foi então que a providência Divina determinou o entrelaçamento artístico mais produtivo e gratificante da minha vida. Aconteceu assim: Havia em Uruana-Go, um compositor, que fazia umas modas danadas de boas. Tratava-se do UBIRAJARA MOREIRA DE ANDRADE. Algumas duplas e trios sertanejos de Goiás, já haviam gravado músicas dele. Era voz geral, que o cara era bom mesmo. Eu não o conhecia pessoalmente. E não o conhecia pessoalmente e não gostava dele, não sei por que. Acho que sentia era uma pontadinha de despeito, pelas expressões admiráveis contidas em suas letras.
Fiquei sabendo depois, que ele também não morria de amores por mim. Colegas nossos, tentaram por várias vezes nos aproximar. Sempre arranjávamos uma forma de evitar o encontro. Sentíamos inexplicável antipatia, verdadeira aversão um pelo outro. O Trio da Vitória (Venâncio, Venancinho e Rezendinho), estava com uma gravação marcada na RCA VICTOR para daí a duas semanas. E o Venâncio havia colocado uma música (melodia) muito bonita em dois versos (estrofes) de autoria do tal compositor de quem eu não gostava nem um pouco. Pretendia gravar a composição, mas, não havia tempo para ir a Uruana, para o "sujeito" terminar a composição. Então me pediu que completasse a letra. Consegui. Ou melhor, quase consegui. Pois minha vontade era deixar de fora a parte que já estava feita, e fazer sozinho, uma nova letra dentro da melodia existente. Mas, após muitas e muitas tentativas infrutíferas, cheguei à conclusão que não poderia excluir a perfeição e a beleza dos dois versos escritos pelo meu detestado rival. Enfim, terminei a composição e a música foi gravada pelo Trio da Vitória, chama-se "MEU ERRO", e no selo do disco, encontram-se impressos, os nomes dos Autores da mesma: Marrequinho-Ubirajara Moreira-Venâncio. O desgosto do Ubirajara foi tão grande quanto o meu, me disse ele algum tempo depois. Mas, no lançamento do disco, houve comemoração, é claro. Pois, cada disco gravado é mais uma conquista daqueles que procuram trilhar o caminho da arte. E onde acontecia ajuntamento de violeiros, a "branquinha" corria a rodo (não sei se ainda é assim). E lá estávamos nós, lado a lado com o "Trio da Vitória", recebendo cumprimentos e elogios pela qualidade do disco, o que englobava a perfeição da cantiga dos intérpretes e a indiscutível inspiração dos compositores.

                                                                                      Acervo Pessoal
                                                     Ubirajara   -   Marrequinho

 Depois de uma porção de goles ingeridos, comecei a achar que o tal letrista lá de Uruana, não era tão má pessoa como eu julgava que fosse. E ali, naquele dia, por uma aproximação forçada pelas circunstâncias, nascia uma parceria de respeito e de admiração, numa afinidade artística e pessoal que se transformou numa amizade pura, tão sólida que o tempo não conseguiu corromper e da qual tenho um imenso orgulho. Daquela época pra cá, nossos nomes estiveram sempre ligados, através de centenas de músicas nossas gravadas por gente de todo o Brasil. UBIRAJARA MOREIRA se consolidou como compositor poeta, e contribuiu para que eu, Marrequinho, me consolidasse como compositor. Obrigado, AMIGO. Após meio século, nossas composições ainda são executadas, tanto com seus intérpretes originais como nas regravações feitas por cantadores, frutos de safras mais recentes. Algumas músicas nossas que são bem conhecidas dos apreciadores do nosso gênero musical:
“TRÊS NOITES” – Gravação: Silveira & Silveirinha – André & Andrade – Brazão & Brazãaozinho.  
“NOITE DE CHUVA” – Gravação: Sinval & Dalmy
“MIL MULHERES” – Gravação: Trio da Vitória – Trio Alto Astral
“QUEM SERÁ” – Gravação: Trio da Vitória – Trio Alto Astral – Robson & Chico Jr.
“GOTA DE ORVALHO” – Gravação: Creone & Barreirito – Criolo & Seresteiro - André & Andrade
“MIRAGEM” – Gravação: Osmano & Manito – Zé Mulato & Cassiano.
E outras e outras e outras...

                             Marrequinho – Ubirajara Moreira de Andrade. Abril de 2012


MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO

MEMÓRIAS DE UM ARTISTA SERTANEJO

                     Capítulo XIV
               
 Marrequinho e Ronaldo Adriano    
                           (Letinho)
      
Fiz algumas músicas em parceria com um mineiro de Ituiutaba, que veio a Goiânia fazer divulgação de um disco seu (Compacto), e aqui ficou por algum tempo. Nome de batismo: Alberito Leocádio Caetano e usava o pseudônimo de Letinho. Tivemos o prazer de ter uma de nossas composições, Pranto do Adeus, gravada por Sinval e Dalmy, uma dupla de Goiás. Algum tempo depois, a música foi regravada, no Rio de Janeiro, por um dos maiores cantores de seresta, de todos os tempos, Carlos José. Foi o maior na carreira daquele consagrado cantor, como ele próprio declarou em muitas de suas apresentações, onde o Pranto do Adeus era presença obrigatória no repertório do show. Por dois anos essa música ocupou o primeiro lugar em todas as grandes paradas das principais emissoras de rádio, do Brasil. Se nessa época já existisse a Lei sobre Direitos de Execução, certamente teríamos visto a cor de algumas notas. Essa música foi regravada por tantos intérpretes diferentes que perdi a conta de quantos. Letinho, que mais tarde em São Paulo se tornaria o Ronaldo Adriano, é meu parceiro nas seguintes composições: "O Filho do Mundo", música gravada pelo Barreirito (Em Duas Vozes), por Mato Grosso & Mathias, por Máida & Marcelo e por Joãozinho & Muniz Teixeira. "Sério Perigo", gravada por Poeta & Trovador, "Coração Guerreiro", gravada por Lindomar Castilho, por Odaés Rosa, por Pedro Bento & Zé da Estrada e por Zé Vidal & Vidalzinho. "Meu Bem, Que Tristeza é Essa?" gravada por Zilo & Zalo. "Essa Noite Sonhei Contigo" gravada por Osmano & Manito e Irmãs Barbosa. “Dilema¨”, gravada por Osmano e Manito e Zé Vidal & Vidalzinho.
Letinho, Alberito Leocádio Caetano ou Ronaldo Adriano, sinto-me honrado por ter feito esses trabalhos em parceria com você. Eu te respeito e te admiro muito, meu irmão.

                                                                         Capa de CD do Compositor Intérprete  
                                             Ronaldo Adriano
                                                                        (Letinho)

Letinho, após curta temporada em Goiânia, transferiu-se para São Paulo, onde adotou o pseudônimo de RONALDO ADRIANO e desde então tem "esparramado" sucessos a torto e a direito por todo o Brasil.

 
Leia os Capítulos anteriores postados neste Blog.


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