segunda-feira, 26 de março de 2012

MARREQUINHO - O MENINO DE CAMPO FORMOSO




   MEMÓRIAS DE UMA ARTISTA SERTANEJO

                                      Capítulo VI

                                 Os pioneiros Goianos
                                (No Rádio e no Disco)

Jorge Batista Ribeiro (Zé Micuim), Henrique César da Veiga Jardim (Tiburtino), o Jujú e o Chico Onça foram os primeiros artistas sertanejos de Goiás que empunharam violas (violões) e "enfrentaram" um microfone de rádio, em Goiânia. Entre eles não havia dupla certa não. Qualquer um cantava com qualquer outro. Isso, na década de 50. Zé Micuim era um idealista extremado. Foi o idealizador da fundação de uma entidade de classe que foi denominada “União dos Artistas Sertanejos de Goiás” (U.A.S.G.). Foi fundada no dia 07/01/58. A primeira, no Brasil (Fui sócio fundador e presidente dessa entidade, por dois mandatos: 1960/1961).
 
MARREQUINHO, sócio fundador da U.A.S.G.


O Tiburtino, que era funcionário graduado dos Correios e Telégrafos, não levou avante suas pretensões artísticas. Jujú e Chico Onça, também não. Zé Micuim foi persistente. Persistente e raçudo. Foi quando chegou á Goiânia, em 1953, um mineiro, de Coromandel, chamado Gerson Coutinho da Silva, usando o pseudônimo de Rouxinol (Pelo menos uns dez violeiros usaram esse apelido). Acontece que o tal Rouxinol, além de ser bom cantador, tinha ótima aparência era muito comunicativo e escrevia versos metrificados e rimados, com extrema facilidade. Zé Micuim não perdeu tempo. Convidou o coromandelense e um sanfoneiro também chamado Zé, para formarem um trio. E assim, surgiu o Trio da Amizade, Zé Micuim, Zé Geraldo e Rouxinol.

Pouco tempo depois, Zé Geraldo cedeu lugar para outro sanfoneiro (também, Zé), o José Ignácio, que adotou o pseudônimo de Goiazinho.



                                                                        GOIAZINHO



O Gerson Coutinho da silva largou mão do tão ‘’batido’’ Rouxinol, e adotou o GOIÁ, em homenagem ao Estado que o acolhera com tanto carinho. E, definiu-se o "TRIO DA AMIZADE”: ZÉ MICUIM, GOIÁ & GOIAZINHO. Foram os primeiros artistas sertanejos de Goiás, que gravaram disco em São Paulo.
                   

TRIO DA AMIZADE
                                           "ZÉ MICUIM, ZÉ GERALDO & ROUXINOL" (GOIÁ)
                                                                  (Primeira Formação)



                                     Depois foi a vez de: BRAZÃO, MARINHEIRO & VANTUIL  



                                                MELRINHO, BELGUINHA & ZINO PRADO

                                   ADOLFINHO & CHITÃOZINHO (Não é o Chitãozinho do Xororó)

                                                                 TRIO DA VITÓRIA 
VENÂNCIO, VENANCINHO & CAMBUÍ
 

Reizão e Zé Rezende, As Goianinhas, Trio Enamorado (Colibri, Ninão & Nhozinho), Sinval & Dalmy, Ely Camargo, Lindomar Castilho e alguns outros artistas goianos, gravaram discos em São Paulo, graças ao prestígio do Bazar Paulistinha (o Bazar do Waldomiro), que teve papel importantíssimo no desenrolar da história da música sertaneja, no Brasil, e, particularmente, na história da música sertaneja de Goiás. E não só da música sertaneja, como se verá nesse meu registro de um alegre recordar, como diria o poeta.

segunda-feira, 19 de março de 2012

MARREQUINHO - O MENINO DE CAMPO FORMOSO

        MEMÓRIAS DE UM ARTISTA SERTANEJO

   
                Capítulo V            
  A Correspondência 

Todo Francisco, é Chico. Todo Chico, é Chiquinho ou Chicão, dependendo da estrutura óssea e da massa corporal do indivíduo. Eu, desde pequeno, fui chamado de Chiquinho, e, usava esse diminutivo como apelido artístico, também. Por ser fã incondicional de “Tonico e Tinoco”, procurava, sempre que achava jeito, ouvir um programa que eles faziam na Rádio Nacional de São Paulo. A gente ouvia mais estáticas, ruídos e chiados, do que a música que estavam cantando, mas valia a pena. Eu ficava extasiado com aquela interpretação simples, mas tão harmoniosa que eu chegava a sentir um nó na garganta, segurando a vontade de chorar. E como eles agradeciam as cartas que recebiam de ouvintes de todo o Brasil, um dia resolvi também demonstrar o meu respeito e a minha admiração pela dupla. E escrevi a eles, falando que eu cantava músicas do seu repertório, e do sonho de me tornar um dia, um violeiro profissional. Falei ainda de quanto eu era fã, de quanto os admirava, e coisas tais. Assinei embaixo: Francisco Ricardo de Souza (Chiquinho).
Despachei a tal carta e passei a ouvir todos os programas deles a partir daquele dia. Eram feitos se não me engano, segundas, quartas e sextas feiras ás 18.00 h, na esperança de ouvir um registro e um agradecimento da carta do fã, que era eu. Nunca ouvi agradecimento nenhum, através do programa. Ao contrário, fiquei surpreso pra caramba, quando um dia o carteiro entregou, lá em casa, no setor Bonfim uma correspondência endereçada à mim, num envelope timbrado, com um monte de selos e carimbos dos Correios pra toda banda. Quanto orgulho senti, pois o tal envelope tinha o timbre em letras douradas e graúdas, de “TONICO E TINOCO” (A Dupla Coração do Brasil). Tremendo de emoção, abri o envelope, e dentro dele, encontrei uma carta que dizia mais ou menos assim: “Caro Francisco Ricardo de Souza, agradecemos pela sua audiência, mas, queremos adverti-lo de que, o senhor está usando indevidamente a marca ‘’CHIQUINHO’’, que pertence a um irmão nosso e encontra-se devidamente registrada no Departamento de Registros e Patentes, etc.etc.etc. Por isto, o aconselhamos a não mais fazer uso da referida marca. Caso contrário seremos obrigados a tomar as providências cabíveis, conforme a Lei nos permite. Cordialmente, TONICO E TINOCO”. A assinatura estava rubricada. Aquilo me deixou atordoado. Eu não entendi aquela reação agressiva, e, os meus ídolos não entenderam a humilde intenção de demonstrar minha admiração por eles.
Assim, foi o meu primeiro contato com o profissionalismo do mundo da música. Foi preciso que o meu irmão, o Campeão, me explicasse, tintim por tintim, o que significava aquela “nervosia’’ que a minha humilde cartinha tinha provocado.
 Muitos e muitos anos mais tarde, eu os conheci pessoalmente, sentindo ainda por eles um grande respeito e a mesma admiração que sempre senti. Meu nome já circulava entre os “graúdos” daquela época e, meu contato com todos eles era de igual para igual. Certo dia estava eu em uma Gravadora (Continental), em São Paulo, aguardando a liberação de alguns trocados advindos de Direitos Autorais, quando lá chegou um dos meus ídolos, o Tonico, que havia ido lá com o mesmo intuito que eu. Depois de nos cumprimentarmos cordialmente, enquanto aguardávamos atendimento começamos a conversar sobre banalidades, para passar o tempo. Então me lembrei do episódio da tal carta e, em tom jocoso lhe fiz um breve relato do acontecido. Ele, gentilmente me pediu desculpas, transferiu a “culpa” do acontecimento para o secretário da dupla, que era quem cuidava da correspondência, e que por coincidência era o próprio irmão deles, o Chiquinho. Aí foi que eu entendi tudo. E nós dois, eu e um ícone da música sertaneja do Brasil, Tonico (Tonico & Tinoco), rimos a beça do acontecimento.
Quanto ao Chiquinho, com nome patenteado e tudo nunca conseguiu fazer seu nome brilhar como brilharam, brilham e brilharão sempre os nomes dos seus famosos irmãos Tonico & Tinoco
                        






sexta-feira, 16 de março de 2012

SINVAL & DALMY

               FAMOSA DUPLA SERTANEJA GOIANA QUE VIVEU SEU AUGE NA DÉCADA DE 60                                    
Sinval Alves de Souza (Sinval), natural de Carmo do Paranaíba-MG. Quando ainda jovem, Sua família transferiu-se para Goiás e fixou residência na cidade de Mossâmedes e posteriormente em Sanclerlândia.
 Duirdes Camargo da Silva (Dalmy), natural de Corumbaíba-GO, veio com sua família residir em Turvânia-Go.
Os dois tinham pendores artísticos, e, cada um deles a seu turno já havia feito tentativas de formar uma dupla sertaneja, mas ainda não tinham encontrado o parceiro ideal.  Sinval fazia segunda voz e tocava violão. Dalmy era acordeonista e fazia primeira voz.
 Conheceram-se casualmente em São Luiz de Montes Belos-GO, quando participavam de um “ajuntamento” de cantadores em uma festa que a cidade estava promovendo. Eram Dois jovens que comungavam os mesmos ideais. Sonhavam em se tornarem artistas sertanejos profissionais. Informalmente cantaram juntos naquela ocasião umas duas ou três modas e descobriram que suas vozes formavam um dueto perfeito. Muita afinação e completa harmonia, qualidades essenciais para uma interpretação musical convincente. Estava formada mais uma dupla sertaneja goiana que escreveria seu nome na história da música sertaneja do Brasil: “SINVAL & DALMY” Mudaram-se para Goiânia em 1959, buscando conquistar espaço e oportunidades junto ás emissoras de rádio da jovem Capital goiana e alimentando a expectativa de conseguir gravar um disco, que era e continua sendo o objetivo de todos os que se iniciam no campo da arte de cantar ou de compor músicas.
“SINVAL & DALMY” tiveram sua primeira oportunidade de gravação quando aceitaram convite feito pelo Waldomiro Bariani (Proprietário do Bazar Paulistinha), para que eles interpretassem duas músicas em um LP que seria lançado pela gravadora Chantecler (SP). O LP seria composto por uma cambúia de artistas goianos.  O disco chama-se: “SWOU SERTANEJO” e conta com a participação de duplas e trios de Goiás. (A história desse LP será contada em uma próxima postagem neste blog).
               DISCOGRAFIA “SINVAL & DALMY”
 1961LP “Show Sertanejo”- Gravadora Chantecler
“Noite de Chuva" – Composição de Marrequinho – Ubirajara Moreira                                                                                
“Despedindo de Goiânia” – Composição de Sinval -  Dalmy
1962 - 78R.P.M. Gravadora Califórnia:
“Sofrendo Sozinho” – Composição de Sinval – Dalmy
“Confissão” – Composição de Marrequinho – Sinval - Dalmy
1963 – 78 R.P.M. Gravadora Califórnia
“Onde Irei Agora” – Composição de Sinval – Dalmy
“Meu Destino” – Composição de Sinval – Dalmy
1964 – 78 R.P.M. Gravadora Califórnia
“Não Posso Perdoar” – Composição de Marrequinho – Ubirajara Moreira
“Rua do Pecado” – Composição de Marrequinho – Dalmy
1966 – LP “DOIS AMIGOS”  (Vinil) – Gravadora Califórnia


 SINVAL & DALMY            
1967 – LP “ONDE IREI AGORA” (Vinil) – Gravadora Califórnia
1969 – LP “SINVAL & DALMY NA TAPE CAR” (Vinil) – Gravadora Tape Car
De 1970 até os meados de 1984 “Sinval & Dalmy” permaneceram  fora dos meios artísticos. A dupla reativou suas atividades e voltou à ativa quando recebeu convite para a gravação de um LP na conceituada gravadora Continental

                            
                                                  SINVAL & DALMY
1985 - LP “PAISAGEM DO ARAGUAIA” (Vinil) – Gravadora Continental
Algum tempo depois deste LP Paisagem do Araguaia, “Sinval & Dalmy” desfizeram a dupla de maneira definitiva.  

Em 2014 DALMY lança CD ao lado do novo parceiro, GARCINO, CD que o Blog do Marrequinho mostra em primeira mão para os apreciadores da nossa autêntica música sertaneja. 


01- Minha História de Amor (Carreirinho/Armando Rosa)
02- No Balanço da Roseira (Dalmy) –Dalmy - Solo Acordeon
03- Boiada e Saudade (J. Wilson/Garcino)
04- Dançando Com a Morena (Dalmy) – Dalmy - Solo Acordeon
05- Resto de Amor (Odaés Rosa)
06- Colorado Reto (Zé Corrêa) Dalmy - Solo Acordeon
07- Louco Romântico (Zé Mulato)
08- Um Chamamé para Cocomarola (Dino Rocha) Dalmy - Solo Acordeon
09- Rio de Pranto (J. Wilson/Garcino)
10- No Compasso do Vanerão (Dalmy) Dalmy – Solo Acordoen
11- Noite de Chuva (Marrequinho/Ubirajara Moreira)
12- Amor Comprado (J. Wilson/Garcino)

ATENÇÃO: Admiradores, fãs e amigos de  Sinval & Dalmy, CDs contendo o repertório da dupla, (cópias das gravações originais) e o CD "SUCESSOS DO PASSADO QUE BRILHAM NO PRESENTE" com Garcino e Dalmy poderão ser adquiridos através do telefone: (62)  99045171 com DALMY.

Clique nos links abaixo e ouçam em vídeos, músicas do repertório de Sinval & Dalmy

CONFISSÃO 
https://www.youtube.com/watch?v=sM9gc6w0TOk
Composição: Marrequinho - Sinval - Dalmy

FALSOS JULGAMENTOS
https://www.youtube.com/watch?v=HzATHNx80_w
Composição: Marrequinho

PRANTO DO ADEUS
https://www.youtube.com/watch?v=RfxQPu4Keps
Composição: Marrequinho - Ronaldo Adriano

NOITE DE CHUVA
https://www.youtube.com/watch?v=HzATHNx80_w
Composição: Marrequinho - Ubirajara Moreira

TRISTE DRAMA
https://www.youtube.com/watch?v=jd3Ck6cO88g
Composição: Marrequinho - Parcival - Sinval



SOFRENDO SOZINHO - SINVAL & DALMY
(Sinval / Dalmy)

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Contato com Marrequinho:

E-mail:

marrequinhocompositor@hotmail.com

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segunda-feira, 12 de março de 2012

MARREQUINHO - O MENINO DE CAMPO FORMOSO

                      MEMÓRIAS DE UM ARTISTA SERTANEJO


                                     Capítulo IV
                                                            A Família                                                                      
 Por esse tempo, eu já ‘’arranhava’’ um violão e conseguia fazer as posições básicas para a marcação (acompanhamento) de compassos e ritmos mais simples como Cateretê, Toada, Moda Campeira, Cururu e outros. Desenvolvi essa pequena noção que tenho, de tocar violão, apenas observando aos que sabiam tocar. Principalmente o meu irmão mais velho, o Antonio (Tõe), que a essa altura havia formado dupla com outro cantador de músicas sertanejas e participavam de vez em quando, como convidados de programas na pioneira Rádio Clube de Goiânia, com os pseudônimos de "Campeão & Rouxinol". Campeão era o meu irmão.
                           Acervo José Ricardo de Souza (Zequita)

                           CAMPEÃO & ROUXINOL
                               1.954  
                                    (Não Gravaram Disco)

Campeão possuía um violão Dinâmico, tipo de violão que, naquela época era considerado um instrumento de altíssima qualidade. Mas o mano tinha tanta estima pelo tal violão que não me permitia sequer segurá-lo. E, quando não estava com ele nos braços, ensaiando alguma moda do seu repertório, mantinha-o guardado num estojo, que para o meu desalento era trancado com uma chave que permanecia sempre no bolso do ciumento dono. Campeão não se interessou em gravar discos, cantando. Desfez a dupla e dedicou-se a compor músicas que vários intérpretes gravaram. Ele não foi um compositor de quantidade, mas, de qualidade. Seu trabalho é admirado até hoje pela originalidade dos temas e a autenticidade do estilo. Das suas composições que foram gravadas em discos, as mais conhecidas pelos apreciadores do gênero são: "Canoa de Jacarandá" (Trio da Vitória), "Meu Fracasso" (Tião Carreiro & Carreirinho) e "Tocando Berrante", música gravada por Colibri, Ninão e Nhozinho (Trio Enamorado).



                                      ‘CANOA DE JACARANDÁ”
  Cópia original. Escrita a mão pelo Autor, quando a música foi composta em 1954.

O tempo passava, as nossas dificuldades financeiras, não. Tínhamos alguns parentes bem alicerçados, mas, nenhum deles se dignou sequer a nos transmitir uma  orientação que pudesse nos servir de bússola, na busca de caminhos onde conseguíssemos visualizar oportunidades de crescimento. O único apoio que recebemos na nossa sofrida infância e também na adolescência veio da frágil mulher chamada Maria Rosa da Piedade, com o seu exemplo de Fé, de resignação e de esperança, na sua firme convicção de que dias melhores viriam. E vieram. Pouco a pouco, é verdade, mas vieram. Santa criatura, que Deus bondosamente enviou a este mundo com a missão de se tornar nossa Mãe. O irmão mais velho (Campeão) retomou os estudos deixados de lado por um longo período. Foi aprovado em um concurso dos Correios e Telégrafos e assumiu a função de carteiro. Dadas às circunstâncias, consideramos um grande feito. Esse acontecimento permitiu que mais tarde ele se formasse em Direito e se tornasse um bem sucedido Advogado. O Osmar (Borracha) tornou-se assim como eu, lustrador de móveis. O Evando (Zinho) tirou Carteira de motorista e foi trabalhar na Empresa de ônibus que fazia o transporte coletivo local. Zé Ricardo (Zequita) após passar pelo inevitável estágio de servente de pedreiro, aprendeu a profissão, que exerceu por algum tempo, depois também se tornou motorista e foi trabalhar no transporte de cargas. O Jair (Nãna) trabalhou algum tempo em marcenarias e posteriormente montou sua própria oficina de reformas de móveis: Reformadora Corneta (nome bem apropriado, diga-se de passagem). Helena (Tília) e Iolanda (Pita), as mais novas da irmandade, também deixaram de estudar após completarem o curso primário. Eu trabalhava, brincava (quando podia) e me apegava cada vez mais a idéia de me tornar um artista, cantador de músicas sertanejas. A essa altura minha mãe, cansada, já começando a sentir o desgaste provocado pelas agruras vividas e o peso dos anos apoiado em seus frágeis ombros, já não interferia em nossas decisões nem nas nossas escolhas. Ela não tinha muito o que nos ensinar, pois nada lhe fora ensinado. Assim, chegamos ao ano de 1.956. Eu já havia conhecido outros tantos ‘‘desmiolados’’ que também sonhavam exercer a tão desacreditada (na época) profissão de Artista Sertanejo que era (e é, até hoje), chamado de caipira. Houve frustração para muitos. Mas, para outros tantos, a sorte sorriu e se tornaram mais tarde, bem mais tarde, nomes importantes na música brasileira, como se verá no decorrer desse despretensioso relato. Quero deixar bem claro que não tenho a intenção de fazer análises sobre a música sertaneja, suas origens e sua evolução. Minha pretensão é registrar o desenrolar da minha própria jornada de vida, que de certa forma esteve sempre entrelaçada com o meio musical e mais particularmente com o segmento musical sertanejo, do Brasil. Mais particularmente ainda, com o meio musical sertanejo, de Goiás. Não vou falar nada que outras pessoas me falaram. Vou falar sobre acontecimentos que eu presenciei. Não foi ninguém que me contou, eu estava lá. Dei algumas ’’paietadas’’ com uma meia dúzia desses candidatos a violeiros, mas tudo de maneira muito informal, de forma amadorística mesmo. Uma cantiga aqui, outra ali, nos botecos da ‘’Campininha’’, nos palcos dos parques de diversão e principalmente nos ranchos de palhas na festa da Trindade, onde havia danças e modas sertanejas além do atendimento profissional das prostitutas que ali exerciam a sua profissão (a mais antiga de todas), e com certeza a mais humilhante. Fiz dueto com cantadores dos quais eu me lembro bem. E foi um aprendizado valioso. Aprendi a frequentar ambientes perigosos, imorais, repletos de vícios e de práticas ilegais, brutalidade sem quantia, onde imperava o instinto animal, nas imperfeições dos mesmos, sem contudo me contaminar naquela sórdida podridão. Graças a Deus. Mas, voltemos ao assunto das cantigas. Como já disse fiz parceria com alguns iniciantes, amadores, iguais a mim, tentativas que acabaram dando em nada. Quero registrar aqui, duas dessas malogradas experiências, mas, que foram muito úteis como aprendizagem. 

   Acervo pessoal
OSWALDINHO

Cantei com o Oswaldo (Tuta), lá de Caturaí-GO, primeira voz excelente, bonita mesmo. Formamos a dupla “Osvaldinho & Chiquinho”. Mas, pela nossa imaturidade e pela falta de recursos financeiros nossa parceria teve curta duração.

                                                            NIVALDINHO
                                                             (Relâmpago)

Cantei com o "Relâmpago", sanfoneiro cantador, lá de Itauçu-GO. Nossa dupla chamava-se: "Relâmpago e Chiquinho". Depois ele passou a usar o pseudônimo de Nivaldinho. Era segunda voz, mas, na nossa improvisada dupla, fazia a primeira. Tinha uma voz danada de feia, mas tocava sanfona como gente grande, além de ser um ótimo companheiro. Com ele aprendi muitas coisas, inclusive beber cachaça, o que, aliás, aprecio até hoje (com moderação, é claro). Fizemos até um programa de rádio (Rádio Karajá, de Anápolis) durante uns seis meses. Sinto saudade desses companheiros com quem dividi por algum tempo a esperança-sonho de um dia tornar-me um artista sertanejo profissional.   






 Marrequinho: E-mail: marrequinhocompositor@hotmail.com


terça-feira, 6 de março de 2012

RELÍQUIAS SERTANEJAS

                              Marreco & Marrequinho
Em 1957 formei dupla com o José Onofre Leite, que tinha trazido com ele, quando se mudou para Goiânia vindo lá das bandas de Itaberaí-Go, o apelido de Marreco. Assim foi fácil arranjar para mim um pseudônimo que soasse bem junto ao dele. O que achamos que ficaria melhor foi Marrequinho. E assim surgiu no cenário artístico goiano “A dupla do Momento”: Marreco & Marrequinho. Mantínhamos programas na rádio clube de Goiânia a pioneira em Goiás (fundada em 1942).
Em 1958, apadrinhados pelo nosso amigo Goiá gravamos três discos 78 R.P.M. na RCA VICTOR, São Paulo.

Nossa Verdade (Cururu) composição de Marrequinho – Marreco – Piracy            Passado de Um Boêmio (Tango) composição de Marrequinho – Sapezinho – Ditinho

Paraguaia da Fronteira (Polca paraguaia) composição de Goiá - Zilo
Estrada da Amargura (Tango) composição de Marrequinho - Aldegundes

Tortura do Remorso (Tango) composição de Marrequinho
Tempo de Carreiro (Cururu) composição de Marreco       


Em 1959 o Marreco foi nomeado para assumir um cargo em um órgão do Estado de Goiás e abandonou a carreira artística. Foi quando arranjei um emprego no Bazar Paulistinha conceituada discoteca, pioneira na venda de discos no Centro – Oeste brasileiro, de propriedade do Waldomiro Bariani Ortencio. Naquela Empresa trabalhava também o Olídio Machado (Nuvem Negra) e a formação de uma dupla entre nós foi quase que automática. Nuvem Negra era de Ituiutaba-Mg, dono de uma excelente primeira voz. Surgiu então a dupla: Marrequinho & Nuvem Negra      


                                       Marrequinho & Nuvem Negra
Apoiados no prestigio do Waldomiro Bariani, nosso patrão, em 1961 gravamos um compacto duplo (quatro músicas) na gravadora Áudio Fidelity do Brasil.

Ergam as Taças (C. Rancheira) composição de Bariani Ortencio – Lindomar Castilho
Meu Tormento (Guarânia) composição de Ubirajara Moreira – Parcival Moreira
Adeus à Boemia (C. Rancheira) composição de Marrequinho – Campeão
Se a Lua Contasse (Balanceado) composição de Nuvem Negra       


Faço esta postagem atendendo pedidos de amigos, fãs e admiradores destas raridades musicais e para deixar registrado mais um pedacinho da minha jornada pelos caminhos da arte.
 Incluí aqui três outras raridades: 

                                          Odaés Rosa - Marrequinho

Homenagem ao Goiá (Polca Paraguaia) composição de Marrequinho – Odaés Rosa. Na interpretação de Odaés Rosa – Em Duas Vozes (Declamação: Marrequinho)
Senhora do Rosário (Congada) composição de Bariani Ortencio. Interpretação de: Marrequinho, Melrinho & Belguinha
Ensopado de Lágrimas (Balada) composição de Marrequinho – Odaés Rosa, numa participação minha em um disco do Odaés Rosa onde improvisamos uma dupla e  interpretamos essa música. 
                            

Nossa Verdade by Marreco & Marrequinho on Grooveshark
Baixar "Nossa Verdade": http://www.4shared.com/mp3/WLKqoYIr/Nossa_Verdade.html

Ergam as Taças by Marrequinho & Nuvem Negra on Grooveshark
Baixar "Ergam as Taças": http://www.4shared.com/mp3/Hn5uP0t4/Ergam_as_Taas.html

Paraguaia da Fronteira by Marreco & Marrequinho on Grooveshark
Baixar "Paraguaia da Fronteira": http://www.4shared.com/mp3/HuSfNeW3/Paraguaia_da_Fronteira.html

Meu Tormento by Marrequinho & Nuvem Negra on Grooveshark
Baixar "Meu Tormento"http://www.4shared.com/mp3/K8c3tz8c/Meu_Tormento.html

Tortura do Remorso by Marreco & Marrequinho on Grooveshark
Baixar "Tortura do Remorso": http://www.4shared.com/mp3/nQoaJV-M/Tortura_do_Remorso.html

Adeus á Boemia by Marrequinho & Nuvem Negra on Grooveshark
Baixar "Adeus à Boemia": http://www.4shared.com/mp3/3Tr6PnDi/Adeus__Boemia.html

Estrada da Amargura by Marreco & Marrequinho on Grooveshark
Baixar "Estrada da Amargura"http://www.4shared.com/mp3/uklO1Pyl/Estrada_da_Amargura.html

Se a Lua Contasse by Marrequinho & Nuvem Negra on Grooveshark
Baixar "Se a Lua Contasse"http://www.4shared.com/mp3/fHll_CX9/Se_a_Lua_Contasse.html

Tempo de Carreiro by Marreco & Marrequinho on Grooveshark
Baixar "Tempo de Carreiro"http://www.4shared.com/mp3/iY28f5D_/Tempo_de_Carreiro.html

Ensopado de Lágrimas by Marrequinho & Odaés Rosa on Grooveshark
Baixar "Ensopado de Lágrimas"http://www.4shared.com/mp3/1FuT2-PB/Ensopado_de_Lgrimas.html

Homenagem ao GOIÁ by Odaés Rosa (Em Duas Vozes) on Grooveshark
Baixar "Homenagem ao Goiá"http://www.4shared.com/mp3/29n9z7DK/Homenagem_ao_GOI.html

Senhora do Rosário by Marrequinho, Melrinho & Belguinha on Grooveshark
Baixar "Senhora do Rosário"http://www.4shared.com/mp3/kyvhhGWV/Senhora_do_Rosrio_2.html

Marrequinho - E-Mail: marrequinhocompositor@hotmail.com


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